O governo brasileiro e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estabeleceram uma parceria histórica, oficializada nesta quarta-feira (20), visando a implementação do projeto “Estádio Seguro”. Este acordo de cooperação técnica tem como objetivo principal o monitoramento e cruzamento de dados dos torcedores que frequentam os estádios e arenas do país, promovendo políticas de segurança e controle do público nesses locais.
Com essa iniciativa, o governo almeja resgatar a ideia de que os estádios são espaços destinados à celebração do esporte, diversão e interação das famílias. Durante a cerimônia, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enalteceu a importância do futebol brasileiro, destacando a Seleção Brasileira como um símbolo nacional.
Dino afirmou: “A nossa nação é muito grande, para uni-la é muito difícil. E uma das formas de uni-la, de fortalecer os laços interpessoais, é nós termos a conjugação de narrativas quanto ao passado, projetos quanto ao futuro e símbolos da nacionalidade. Um desses símbolos é a Seleção Brasileira de Futebol. Mesmo que a gente fique mal humorado aqui e acolá, mesmo que a gente não goste de um ou outro aspecto, mas quando chega na Copa do Mundo todo mundo se entusiasma e se une em torno desse símbolo do Brasil.”
As medidas propostas pelo projeto “Estádio Seguro” englobam a prevenção e repressão de infrações penais, bem como restrições na entrada e nas proximidades dos estádios. Serão utilizados recursos de inteligência e tecnologia capazes de identificar torcedores com medidas judiciais de afastamento dos estádios, pessoas desaparecidas e indivíduos com mandados de prisão em aberto.
De acordo com Dino, o acordo também se estende a entidades de outras modalidades esportivas: “O acordo está aberto para todos os esportes, pois permite o compartilhamento de informações, onde ingressos com CPF viabilizam a consulta à base de dados da segurança pública. Testes iniciais demonstraram a eficácia desse instrumento na execução de mandados.”
Um projeto-piloto já está em andamento no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, desde o final do ano passado. A tecnologia de catracas inteligentes identifica torcedores com mandados em aberto ou restrições judiciais, bloqueando imediatamente a catraca eletrônica no caso de identificação de um torcedor com restrições.
Embora a participação das federações estaduais, distritais e clubes de futebol no projeto seja voluntária, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, enfatizou sua importância na luta contra a violência e o racismo no esporte: “A CBF está comprometida com essa iniciativa, tenho certeza que as federações e os clubes brasileiros, bem como todos os gestores dos estádios do Brasil, também estão. Com racismo não tem jogo, com violência não tem jogo, com o crime não tem jogo. O torcedor irresponsável e criminoso será identificado e punido.”
A expectativa é que o projeto “Estádio Seguro” entre em operação ainda este ano, durante os jogos das séries A e B do Campeonato Brasileiro. As medidas abrangerão desde a venda de ingressos até a entrada nos estádios, com o intuito de coibir a prática de cambismo por meio da vinculação dos ingressos ao CPF do torcedor, mesmo aqueles fornecidos gratuitamente pelos clubes e torcidas organizadas.
Além disso, o ministro do Esporte, André Fufuca, anunciou a criação de um grupo de trabalho em parceria com a CBF para a adoção do ingresso social, visando a inclusão daqueles que não têm condições financeiras para pagar ingressos. Ele destacou que isso é essencial para fortalecer a candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo Feminina de Futebol em 2027, cuja escolha será feita em maio de 2024, no congresso anual da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Fufuca ressaltou a importância de oferecer estádios seguros e acessíveis, lembrando o sucesso do Brasil como anfitrião de eventos esportivos no passado.
Fonte: Agência Brasil