Após o rompimento da barragem da mineradora Samarco em Mariana (MG), que completa quase oito anos, o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) lançou a campanha “Revida Mariana”. O objetivo da iniciativa é destacar histórias pessoais e cobrar justiça para as vítimas desse desastre ambiental que afetou dezenas de comunidades e municípios.
Priscila Izabel, uma sobrevivente da tragédia, compartilha seu relato emocionante: “Eu só travei a Emanuele aqui, segurei o Caíque aqui e disse: ‘segura na roupa de titia’. E eu olhava para um lado, olhava para o outro e não via ninguém.” Priscila tentou proteger sua sobrinha Emanuele, que, aos 5 anos de idade, perdeu a vida na tragédia. Além disso, Priscila estava grávida na época e sofreu um aborto algum tempo após o desastre.
A campanha “Revida Mariana” reúne relatos como o de Carlos Arlindo, morador de Bento Rodrigues, um dos distritos arrasados em Mariana. Ele descreve a rapidez com que perdeu sua casa: “Demorei 15 anos para construir minha casa. Ela foi embora em 15 minutos.”
A iniciativa também destaca a voz de Michele de Fátima, uma quilombola, que lamenta a interrupção de práticas culturais e econômicas após o desastre: “Meus tios, que moram na comunidade de Crato, eram faisqueiros. Essa prática foi interrompida. Então, como que um filho vai poder acessar essa parte da nossa história, da nossa cultura? Não é preço. É valor.”